quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Discurso de Paraninfo - Análise de Sistemas PUCRS - 18/jan/2008

Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Irmão Joaquim Clotet,

Excelentíssimo Diretor da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia, Prof. Sérgio Lessa de Gusmão,

Prezados Professores e Funcionários Homenageados,

Demais membros da mesa,

Srs. Pais, familiares e demais convidados,

Meus colegas e afilhados,

Boa noite,

Primeiramente, gostaria de agradecer pela honra de poder participar deste momento na companhia de meus colegas de profissão: meus colegas professores (aqui também honrados pela homenagem que recebem); meus novos colegas analistas de sistemas e administradores; senhores pais, também meus colegas na tarefa de educar, e os principais professores para que este sonho hoje esteja se realizando.

Há poucos dias, a mídia destacou de forma enfática uma série de fatos ocorridos com uma mesma família no litoral gaúcho. Não se tratava de nenhuma tragédia, pelo contrário, tratava-se de como esta família escapou de uma tragédia e, desta forma, acabou envolvendo prefeito, polícia, população, políticos e, claro, muita polêmica. Trata-se de uma família de corujas.

Não quero aqui me posicionar a favor ou contra veranistas, aspectos políticos ou até o mais importante dos aspectos que, na minha opinião, é o da preservação ambiental. Quero apenas fazer uma pergunta: será que a repercussão do caso seria a mesma se lá estivesse uma família humana?

Infelizmente sabemos que a resposta não é positiva. E por que? Porque vivemos numa época de crise de valores. A vida humana tornou-se banal. Para muitos, família é o conjunto de pessoas que dormem sob o mesmo teto. Nunca o conhecimento médico e psiquiátrico foi tão grande. Nunca as pessoas tiveram tantos transtornos emocionais e doenças psicossomáticas. Hoje, a depressão é uma doença infantil. Desta forma, faço mais uma pergunta: será que há solução para isso?

Eu acredito que sim. Acredito que a solução está na educação, tanto dentro de casa quanto nas escolas e universidades.

Acredito na formação do caráter dentro de casa, em que os pais se doam de corpo e alma para seus filhos. Acredito quando os pais ensinam a pensar, ao invés de somente corrigir os erros. Quando a família prepara seus membros para o fracasso, e não somente para os aplausos. Quando as gerações dialogam, contam histórias. Enfim, acredito na formação dada dentro de casa em que não somente oportunidades são oferecidas, mas que todos são instruídos a não desistir.

Mas não basta formar o caráter. É necessária uma formação profissional, onde os professores trabalham o funcionamento da mente de quem está em sala de aula. Acredito que o profissional crítico está em formação quando as aulas, além de possuírem metodologia, são ministradas com sensibilidade, educando também para a emoção. Acredito quando a memória, ao invés de tornar-se um depósito de informações, fornece suporte à arte de pensar. Enfim, acredito na formação profissional em que se educa para a vida.

Essas são algumas respostas para algumas perguntas que fiz. Não tenho certeza de que estão corretas, mas procuro a cada dia melhorá-las. E é aí que muitos de vocês me questionarão: logo tu, um professor, não sabe com certeza as respostas de tuas próprias questões?

Responderei a esta questão com outra pergunta: vocês sabem qual é a melhor universidade do mundo, de acordo com diversos rankings internacionais?

A resposta é quase unânime: Harvard. Eu sempre quis saber porquê. Li que possuem uma grande biblioteca, professores ganhadores de prêmio Nobel, e uma metodologia de ensino diferente. Este último aspecto me chamou a atenção, principalmente depois que conversei com alguém que estudou em Harvard. A diferença é que os estudantes, em Harvard, são incentivados a elaborarem as perguntas, ao invés de responderem as questões feitas pelos professores. E isso que Harvard ensina sob o nome de metodologia, nós chamamos de senso crítico.

Nem vocês, meus afilhados, nem eu, estudamos em Harvard. Talvez nunca estudemos lá. Mas temos um pouco do que Harvard ensina em nossas vidas.

Nós, professores da PUCRS, lhes ensinamos a responder e a perguntar sobre análise de sistemas e sobre aspectos da formação profissional de cada um de vocês.

Seus pais e suas famílias lhes ensinaram a responder e a perguntar sobre valores, sentimentos, moral, caráter, ética.

A partir de agora, muitas perguntas surgirão. E as respostas devem ser cultivadas a cada dia, a cada nova experiência. Não tenham medo de errar, e não estejam tão convictos ao encontrar uma resposta correta. A vida é um eterno aprendizado.

Dentro do ambiente profissional, vocês se tornarão gerentes, chefes, supervisores, mas antes de tudo educadores, responsáveis pela formação profissional de seus colegas. Dentro de suas famílias, vocês serão responsáveis por passar adiante os valores e princípios para formar o caráter da próxima geração.

E se, nos caminhos da vida, vocês se esquecerem disso, procurem lembrar dessas palavras toda vez que passarem por uma família de cachorros, de gatos, de corujas ou de humanos.

Agradeço muito a todos vocês pela convivência, pela amizade e pelo aprendizado que nós compartilhamos.

Muito obrigado.

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